História de SC

 

 

CONTRIBUIÇÃO DE SAULO ADAMI

À HISTORIOGRAFIA CATARINENSE

 

Jeanine Wandrtatsch Adami

 

 

A história é uma estrada que nunca termina, é um rio que nunca se esgota, é uma floresta que precisa ser preservada.

Saulo Adami

 

 

 

 

O trabalho do escritor e editor Saulo Adami é referência em Santa Catarina. Dos seus 56 livros publicados, cerca de 40 são de história. Em 2002 teve início sua contribuição à historiografia de Santa Catarina. Sua experiência como jornalista e sua habilidade como escritor foram somadas para criar o primeiro de vários projetos editoriais que resultaram no surgimento da empresa editora Luiz Saulo Adami. Ao longo de seus primeiros 20 anos de contribuição à historiografia de Santa Catarina, Adami resgatou as histórias de entidades, bairros, cidades, empresas, famílias e elaborou biografias de personagens vivos ou mortos.

Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Chácara Edith (Blumenau: Nova Letra, 2002) conta a história da criação da primeira RPPN de Brusque, a antiga Fazenda Hoffmann, que na década de 1940 sediou as pesquisas pioneiras do botânico Raulino Reitz. Até então, Adami era editor do jornal Município Dia-a-Dia, projeto de sua autoria que transformou o semanário O Município (fundado em 1954) em um jornal diário (fevereiro de 2002). Na época, Adami era mais conhecido como autor de livros de poesia, conto e crônica, e como autor de peças teatrais e jornalista assessor de imprensa.

A este livro seguiu-se Testemunho de Fé: Memorial do Pastor Wilhelm Gottfried Lange, editado em português e alemão. A obra mudou a história da cidade de Guaramirim, e foi patrocinada pelo neto de Lange, o diretor industrial aposentado Ernesto Guilherme Hoffmann, o Willy, e por suas filhas e genro Anette Hoffmann, Lígia Hoffmann Moreli e Wilson Morelli, resgatando a trajetória do pastor luterano que saiu da Alemanha em 1886 acompanhado de 111 membros da Irmandade Herrenhut e fundou em Santa Catarina o Vale dos Irmãos (Brüderthal), atual município de Guaramirim.

Em 1921, aos 63 anos, Lange concluiu o texto principal de Narrações Confidenciais de Minha Vida, um amplo e emocionado depoimento que deixou aos seus descendentes, tradição de várias gerações de sua família. Acostumado a buscar insistentemente respostas para suas perguntas, e na tentativa de confortar sua alma depois da morte de sua mulher, Claire Reuge Lange, Wilhelm se dedicou a escrever vários adendos às suas memórias, de 1924 a 1928.

O manuscrito sobreviveu à vigilância das autoridades brasileiras impostas aos imigrantes alemães e à destruição de documentos, livros e demais publicações em língua alemã, ação implacável deflagrada na década de 1930 e que chegou ao auge durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Enterrado com fotografias e outros pertences da família, o manuscrito foi posteriormente resgatado por descendentes do pastor. Finalmente, 72 anos após a morte de Lange, o manuscrito foi traduzido para a língua portuguesa por Ursula Rombach e publicado no livro de Saulo Adami, que percorreu alguns dos caminhos trilhados pelo pastor em Brusque, Guaramirim, Joinville e Itajaí.

 

AS MEMÓRIAS DO VALE DO ITAJAÍ

 

Em 2003, Adami assinou o primeiro contrato para pesquisar, redigir e editar um livro com a história de uma cidade: Vidal Ramos, no Alto Vale do Itajaí. Paisagens da memória: A Criação do Município de Vidal Ramos (S&T Editores, 2004), de Saulo Adami e Tina Rosa, foi lançado em dezembro de 2004 e foi a primeira obra escrita pensando na criação de sua editora, que na época usava a marca de fantasia S&T Editores.

A partir da criação da editora, pela primeira vez municípios como Massaranduba, Vidal Ramos, Imbuia, Ilhota e Aurora tiveram sua história resgatada em livro. Mas o primeiro livro a ser lançado pela editora de Saulo Adami foi outro: História Secreta do Arrayal dos Cunhas (2004). Vindos de Portugal no Século XIX, o coronel João Antônio da Cunha e sua mulher Leonor Correia da Cunha foram os primeiros moradores desta que é uma das localidades mais antigas de Itajaí. O livro reúne documentos, fotografias e entrevistas com moradores do Arrayal dos Cunhas, Estivados, Paciência e Brilhante, reconstituindo 150 anos de uma história marcada pela construção de escolas, capelas e pontes, pela abertura de estradas no meio da mata e pelo desafio de enfrentar a correnteza do rio Itajaí-Mirim; pelo trabalho dos agricultores e pelo seu amor pelos animais.

Terra Generosa: A história de Massaranduba – SC (S&T Editores, 2004) conta a história dos imigrantes alemães, poloneses e italianos que construíram sua nova pátria em uma pequena cidade de Santa Catarina, no final do Século XIX. Da chegada destes imigrantes até 2004, a história de Massaranduba é contada em livro pela primeira vez. A fé e a esperança, o trabalho e a determinação, a coragem e a persistência destas três etnias lançaram, na terra generosa de Massaranduba, as sementes que a transformaram na capital catarinense do arroz.

Agrolândia: De Trombudo Alto aos nossos tempos (S&T Editores, 2004) teve outras duas edições, revistas e ampliadas, em 2005 e 2008. Trombudo Alto nasceu na área central do atual município de Agrolândia ou na Serra dos Alves? Quem foram seus primeiros moradores: os imigrantes alemães ou seus descendentes? Como foram implantadas e se desenvolveram as comunidades que hoje formam seu território? Responder a estas e outras perguntas são os objetivos das pesquisas e entrevistas realizadas com alguns dos mais antigos moradores de Agrolândia, permitindo reconstituir 90 anos de uma história marcada pela determinação e coragem de um povo que honra suas tradições e a memória dos pioneiros.

Alto Rio dos Bugres: As origens do município de Imbuia é uma viagem de volta aos primórdios do município, reconstitui os acontecimentos que marcaram a ocupação territorial de Alto Rio dos Bugres, a vida política, a implantação das primeiras escolas, a consolidação do comércio, da indústria e dos transportes, e a emancipação político-administrativa de Imbuia, nos primeiros 75 anos de sua história.

Paisagens da Memória: A criação do município de Vidal Ramos foi o primeiro livro a contar a história deste município, originado de Brusque em 1956 e emancipado em 1957.

Rio do Oeste: A história oficial e as outras histórias reconta a história da imigração, quando os pioneiros italianos enfrentaram a correnteza do rio e conheceram a exuberância da mata. Documentos que contavam suas façanhas foram destruídos pelas cheias, no Alto Vale do Itajaí. Para recontar a história, alguns antigos moradores foram ouvidos.

Lauterbach: Aurora de nossa história teve duas edições: 2007 e 2008. Reconstituiu a história do atual município de Aurora, no Alto Vale do Itajaí. Itajahy na visão dos viajantes (2008) reuniu a reprodução de artigos publicados em jornais de Itajaí e região e em livros: histórias de imigrantes, engenheiros, pastores, navegadores, que percorreram caminhos desconhecidos nos séculos XIX e XX. Seus relatos contam histórias desta e de outras cidades que um dia fizeram parte do seu território.

Guabiruba de todos os tempos (2010) reconstitui a história da cidade a partir da chegada da segunda turma de imigrantes alemães às terras de Brusque (1860). Cento e dois anos depois, Guabiruba tornou-se município autônomo por aspiração do vereador Carlos Boos, seu primeiro prefeito eleito pelo voto direto. O livro conta estas e outras histórias a partir do estudo de documentos oficiais e dos depoimentos de descendentes dos personagens que as escreveram.

O último livro a contar a história de uma cidade do Alto Vale do Itajaí, publicado com o selo da S&T Editores, foi lançado no segundo semestre de 2011, e curiosamente fechou um ciclo na carreira de Saulo Adami. O livro solo Memorial do esquecimento: história secreta de Vidal Ramos trouxe à luz dos nossos dias documentos secretos do agrimensor Walter Rhode e a memória de uma comunidade que honra suas tradições e que ainda tem muitas histórias para contar. Os documentos de Rhode foram revelados para Adami pelo advogado Nilo Sérgio Krieger em 2005, e parte deles já havia sido conhecida através do livro Brusque era maior: viajantes do tempo (S&T Editores, 2006), segundo dos cinco livros dedicados aos 150 anos da fundação de Brusque.

 

 

CINCO VEZES BRUSQUE

 

A maior contribuição que a editora de Saulo Adami deu a um município foi a série sobre os seus 150 anos de fundação. Tudo começou em 2003, quando Adami estava às voltas com as pesquisas para escrever História Secreta do Arrayal dos Cunhas (2004) e Paisagens da Memória: A criação do município de Vidal Ramos (2004). Na época, ele criou e desenvolveu o projeto Brusque 150 Anos. A princípio, seriam 10 livros contando a história de Brusque, sob os mais diferentes pontos de vista, passando pelo maior número de áreas possível – da política à economia, da cultura à educação, dos esportes à segurança pública...

Embora sem apoio do poder público, deflagrou uma campanha de busca de patrocinadores para viabilizar seu projeto, e em 2005 contou com o apoio do médico Márcio Schaefer que, além de patrocinar a obra, indicou outros patrocinadores. Desta colaboração e deste encorajamento, surgiram os cinco livros que, ao final de suas edições, reuniram mais de 2 mil páginas e 6 mil exemplares, dando aos seus autores o prêmio da Academia Catarinense de Letras de melhor livro do ano para o quinto episódio, Histórias e lendas da Cidade Schneeburg (2009).

Alvorecer de 24 de julho de 1860: sob céu nublado e sobre mar revolto, o navio Belmonte ruma à barra do rio Itajaí-Mirim. A bordo, o presidente da Província de Santa Catharina, Francisco Carlos de Araújo Brusque, o barão austríaco Maximilian von Schneeburg e 55 imigrantes alemães. Seu destino: o lugar Vicente Só. Em 4 de agosto, depois de cinco dias enfrentando a correnteza do rio, os imigrantes chegam ao seu destino e instalam a nova colônia. Este foi o ponto de partida de Brusque: Cidade Schneeburg (2005), no qual seus autores foram além: resgataram outras histórias que, juntas, reconstituem alguns dos fatos mais importantes registrados nos mais diversos setores. Fazem surpreendentes revelações em entrevistas exclusivas e apresentam documentos nunca antes pesquisados.

Brusque era maior: Viajantes do tempo (2006) contaram as histórias de Vidal Ramos, Presidente Nereu, Botuverá, Guabiruba, Nova Trento e Gaspar, que um dia pertenceram integral ou parcialmente ao território de Brusque. Informações inéditas arquivadas pelo agrimensor Walter Rhode por 50 anos, documentos recuperados de Boiteuxburgo (Núcleo Federal Senador Esteves Júnior) sobre os imigrantes que ajudaram a desenvolver Brusque e região; relatos de viajantes que nos séculos XIX e XX percorreram a região e registraram suas impressões. Correspondências, documentos fiscais, mapas e fotografias reconstituem parte destas e de outras histórias de um tempo no qual Brusque era uma vila, e os imigrantes ocupavam seus lotes na esperança de fazer de seus sonhos realidade.

Brusque vai à guerra: Novas Visões da história (2007) reviveu a participação de soldados de Brusque, Vidal Ramos, Presidente Nereu, Botuverá e Guabiruba em conflitos no Paraguai, na Itália e no Brasil. Guerra do Paraguai, Contestado, Primeira Guerra Mundial, revoluções de 1922, 1924 e 1930, Integralismo, Segunda Guerra Mundial e Revolução de 1964 são algumas das histórias resgatadas. Informações inéditas encontradas em documentos oficiais, fotografias, cartas, jornais, livros e entrevistas exclusivas.

Antônio Tavares, o guerreiro esquecido do Contestado; Oswaldo Fritzen, que teve um encontro inusitado com Adolf Hitler; Cesco Rhode, prisioneiro de guerra; Ervin Riffel, que nos campos de batalha da Itália guerreou ao lado dos americanos usando a farda da Força Expedicionária Brasileira; o estudante secundarista Aliatar da Silva, membro do Grupo dos Onze, processado pelo regime militar, são apenas alguns personagens ilustres. Um dos mais completos resgates da trajetória do teatro amador, da comunicação social, da fotografia, do cinema e da literatura de Brusque e região. Faz homenagem ao jornalista Celso Teixeira, uma das vozes mais conhecidas da Sociedade Rádio Araguaia de Brusque.

Brusque operária: comércio e indústria (2008) trilha os caminhos coloniais em busca das memórias sobre a criação e do desenvolvimento do comércio e da indústria e do sindicalismo operário; visita os primeiros vendeiros da floresta e compartilha com o cônsul Carlos Renaux o entusiasmo na criação da primeira unidade fabril em parceria com os tecelões de Lodz; conhece o interesse do cônsul na exploração do calcário de Ribeirão do Ouro; a frustração do povo à espera do trem que jamais chegou à cidade e à espera das redes de água e esgoto e do serviço de coleta de lixo; revisita a história do rio Itajaí-mirim (corredor pelo qual passaram nossos imigrantes, correnteza acima, e os produtos da colônia, correnteza abaixo) e da rodovia Antônio Heil, e acompanha o alfaiate Siegfried Pieper em sua caminhada até o Rio de Janeiro, na década de 1950.

            Histórias e lendas da Cidade Schneeburg (2009) encerra a busca às memórias individuais e coletivas e narra o fim da Cidade Schneeburg; benzedeiras e benzeduras; compra e arrendamento de escravos; caçadas aos bugres; a vida de Francisca dos Anjos de Lima e Silva, a Fanny; das primeiras eleições ao voto eletrônico. Tem colaborações de Valdir Appel (futebol), Michelson Borges (primeira igreja adventista no Brasil), Ivan Carlos Serpa (engenhos), Giselle Zambiazzi (João Bugre), Celso Deucher (política) e Carina Machado (Igreja de Santa Teresinha). Informações inéditas e entrevistas exclusivas para ler e preservar, com prefácio de João Alfredo Medeiros Vieira, da Academia Catarinense de Letras.

 

 

BIOGRAFIAS

 

Nas Mãos de Deus: A verdadeira história de Lilli Zwetsch Steffens teve oito edições, entre 2005 e 2010. Desde criança, Lilli ajudou seus pais no trabalho da roça; aprendeu a ler e a escrever em casa, aos 11 anos; aos 18, foi morar na cidade para trabalhar como faxineira. Aprendeu a cuidar de crianças, se casou e teve três filhos. Enfim, viveu uma vida normal, como qualquer outra mulher de sua geração, embora aos cinco anos de idade tenha pedido seus dois braços em uma moenda de cana.

Carlos Boos era professor e catequista, mas antes de ensinar seus filhos a ler e a escrever, ele os ensinou a rezar. Ele era político, mas teve seus mais combativos adversários como amigos. Ele era agricultor e empresário, mas tratou seus sócios e empregados como irmãos. Generoso, fez história a bordo de seu Ford 1929, primeiro transporte coletivo da comunidade que o elegeu quatro vezes vereador em Brusque e testemunhou sua luta pela emancipação de Guabiruba, município do qual foi seu primeiro prefeito eleito, em 1962. Sua história foi contada no livro Carlos Boos nunca soube dizer não! (2005).

De amor e de saudade: O diário do vovô na guerra (2007) resultou da transcrição do diário de Moacyr Paranhos durante sua participação na II Guerra Mundial, na Itália. De conteúdo inusitado e escrito de forma peculiar, apresenta um cotidiano de guerra com leveza, valorizando aspectos humanos, como a gentileza e hospitalidade do povo italiano; e geográficos, com a descrição poética e rica em detalhes que fez dos numerosos lugares por onde passou. Antes de registrar o amargor da guerra, fez um relato de viagem, temperado por um jeito espirituoso de ver a vida. Assim era o vovô Moacyr, alegre, brincalhão, perfeccionista e detalhista. Amante da cultura, de bons vinhos e de uma bela macarronada.[1]

Contratado há 70 anos pela Indústria Têxtil Renaux S.A. (atual RenauxView), Walter Orthmann testemunhou avanços e conviveu com altos e baixos do setor. Nada o desanimou em sua trajetória de vida e de trabalho, nem o desvio de seus objetivos, tanto como cidadão quanto como operário de uma das mais conceituadas indústrias do país. Sua fé inabalável na potencialidade da empresa e na capacidade de seus colegas de trabalho fez dele um símbolo da resistência do mercado diante de barreiras e incertezas.

Por isso, 70 anos depois de ter assinado seu primeiro (e único) contrato de trabalho, o gerente de vendas Walter Orthmann ainda se emociona ao saber que as metas foram alcançadas ou quando alguém da equipe tem seu trabalho reconhecido e seu talento premiado. Isso porque ele é apaixonado pela empresa, pelo trabalho e pela vida. Ele foi o homenageado com a biografia Walter Orthmann: 70 anos de trabalho na RenauxView, que em janeiro de 2008 emplacou uma reportagem no programa Fantástico (Rede Globo).[2]

Willy Hoffmann: Ambientalista por vocação (2009) conta a trajetória do menino nascido no interior da fazenda do avô Heinrich Hoffmann. Willy garantiu a preservação da Mata Atlântica na década de 1930, época na qual a proteção ambiental ainda não fazia parte das discussões coletivas. Com a transformação da Fazenda Hoffmann em patrimônio mundial, ele garantiu à população, e não apenas à sua família, a preservação de plantas, aves e animais que em outras regiões de Santa Catarina não existem mais. Neste livro, seus 97 anos de vida, suas contribuições aos setores industrial e social e suas viagens ao redor do mundo, são contados com humor.

Jornaes de Hontem: Manoel Ferreira de Miranda e o primeiro Diário de Itajahy (2010), de Saulo Adami, Tina Rosa e Gênice Suavi, começa em 1912, quando tiros espalharam cheiro de pólvora no ar. Um corpo tombou na avenida, ouviram-se gritos de dor, de medo e de revolta. O sangue de Manoel Ferreira de Miranda tingiu a tarde da terça-feira de Carnaval. “Isso não está acontecendo comigo!”, pensou, sentindo sua perna direita queimar. Ele fechou seus olhos na tentativa de acordar do suposto pesadelo... Mas era tudo verdade!

O livro narra a luta do poder para se manter no poder, de personalidades esquecidas e de episódios abafados de uma história de pioneirismo interrompida pela intolerância. Esta é a história de um professor apaixonado pela profissão, de um jornalista que ousou criar um diário, privilégio de homens brancos e ricos; um filho de Itajaí, dono de liceu, escritor e guarda livros, que viveu em Santa Catarina (Itajaí, Tijucas, Florianópolis, Timbó e Canoinhas), Paraná (Porto Amazonas, Ponta Grossa e Sengés) e São Paulo (Itararé, Sorocaba e na capital). Ele morreu esquecido em São Paulo , no final da década de 1930. A história de uma família humilde, como tantas, contada a partir das memórias do tenente Ozi Ferreira de Miranda, e trajetória de vida de seu pai idealista, de quem quase ninguém falava mais.

A primeira edição dos Jogos Abertos de Santa Catarina foi realizada em Brusque, Santa Catarina, de 7 a 12 de agosto de 1960, durante as comemorações alusivas ao primeiro centenário de fundação do município. Na época, participaram 444 atletas de 14 delegações (inclusive Brusque). Mais do que comemorar os 50 anos dos JASCs, o livro Arthur Schlösser e a criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina (2010) resgata parte da trajetória de vida de Arthur Schlösser, traçando o perfil de um empreendedor e estrategista que não mediu esforços nem poupou investimentos para tornar seu sonho realidade. O livro preserva sua memória e valoriza os exemplos que ele deixou.

Anselmo Boos por Anselmo Boos. Assim pode ser definido o livro Eu sou Anselmo Boos (2010), de Anselmo Boos, Gênice Suavi e Saulo Adami, mostra a trajetória de vida do filho do criador do município de Guabiruba.

Uma história de perseverança, humildade e fé inabalável na misericórdia de Deus. Assim pode ser sintetizada a trajetória de André Bernardino da Silva: Pioneiro da Assembléia de Deus em Santa Catarina (2011), de Saulo Adami e Osmar José da Silva, nascido no interior de Itajaí em 1904. Ele sobreviveu à tuberculose no final da década de 1920 e levou a palavra de Deus para os mais distantes pontos do Brasil a partir da década de 1930. Sua história é contada através das memórias de seu irmão, o missionário Osmar José da Silva, e de pesquisas do escritor Adami, numa homenagem aos 80 anos da Assembléia de Deus em Santa Catarina (15 de março de 1931), cujo templo pioneiro está situado na atual rua Andrade, bairro Vila Operária, em Itajaí.

Doutor Nica reconstitui a trajetória de vida do cidadão e médico brusquense João Antônio Schaefer, formado em 1945 e que ainda está em atividade, atendendo diariamente!

 

 

EMPRESAS, ENTIDADES...

 

O primeiro livro sobre uma empresa foi escrito no biênio 2004-2005, resultado de mais de 30 horas de entrevista com a empresária Nayr Gacher. Gracher: Uma empresa faz 100 anos começa a contar a história da empresa brusquense a partir de sua fundação, em 1905: Ao cadastrar o primeiro viajante em sua recém-inaugurada hospedaria, Carlos Gracher deu início à história de uma das mais sólidas empresas familiares de Santa Catarina. A hospedaria de Carlos Gracher prosperou junto com a cidade, e agregou outros empreendimentos: bares, salas de cinema, restaurantes e shopping center. Esta trajetória de sucesso teve seqüência sob a direção de seu filho, Arno Carlos Gracher, e de sua nora, Nayr Gracher, que resgata neste livro a história de cada um dos empreendimentos da família, nos últimos 100 anos.

Ainda em 2005, Adami foi contratado para escrever a história de um colégio no qual estudou em 1981: Colégio Salesiano Itajaí – 50 anos (1956-2006) foi escrito durante o biênio 2005-2006, e foi o primeiro livro totalmente em cores publicado por sua editora.

Ao desembarcar em Santa Catarina, vindo de São Paulo para implantar o Ginásio Salesiano Itajaí, padre Pedro Baron trouxe na bagagem muito mais do que sua experiência como religioso e educador. Ele trouxe uma nova perspectiva para a juventude de Itajaí, que há muito tempo esperava por uma real oportunidade de continuar seus estudos sem precisar deixar a casa paterna. A cidade cresceu ao redor do Colégio Salesiano Itajaí, que por sua vez também cresceu e abriu novas vagas para professores e alunos. A semente plantada pelos Salesianos de Dom Bosco germinou na terra fértil de Itajaí, deu origem à implantação do Parque Dom Bosco e da Paróquia São João Bosco, acompanhou e estimulou a criação e o crescimento da Univali (Universidade do Vale do Itajaí). Passados 50 anos, o colégio Salesiano Itajaí tem sua história de amor à educação resgatada através de fotografias, de manuscritos e da memória de diretores, salesianos, professores, funcionários, alunos e amigos da Obra, que deram sua contribuição para escrever esta história de sucesso.

Depois de Lauterbach, as atenções do escritor voltaram-se novamente para Guabiruba, tendo sido contratado para escrever o livro Para sempre na memória: A história da Festa dos Motoristas e a construção da Capela São Cristóvão. Nada é mais forte e recorrente na mente de um ser humano do que um sonho. A Festa dos Motoristas e a Capela São Cristóvão, no bairro Aymoré, em Guabiruba, também nasceram de um sonho: são frutos da iniciativa de Anselmo Boos, que sonhou (e realizou) em sintonia com a comunidade. Passados 40 anos do início da Festa dos Motoristas, estas e outras histórias são contadas pela primeira vez em livro.

Vocação para o trabalho: Kohler & Cia. – 60 anos de uma história construída em família (2009) foi produzido em dois anos. Passar pela vida e deixar sua marca é desejo de todos nós. Construir uma história e nela incluir a família e suas futuras gerações é mais que uma marca: é um legado que permanece e um exemplo de que o trabalho dignifica e realiza o ser humano na medida em que se harmonizam sonhos e realizações. Este livro conta a história da Kohler & Cia. e registra a saga dos irmãos Paulo, Alois e Érico Kohler, que foram além do sonho de criar uma empresa familiar, em 1949: eles deram uma grande contribuição para a preservação de uma das últimas reservas da Mata Atlântica do Vale do Itajaí, na serra da Sibéria, em Guabiruba.

            Ainda sobre Brusque e região, escreveu a história da atuação dos médicos na cidade: Vielen Dank, Herr Doktor! Dos primeiros médicos aos 40 anos da Associação Brusquense de Medicina (2010), seu primeiro livro solo de história. O tempo passou e se encarregou de modificar usos e costumes, de derrubar tabus, de criar especialidades médicas. Também foi o tempo que possibilitou a criação da Associação Brusquense de Medicina, que tem neste livro sua história contada por alguns de seus fundadores, como Emílio Luís Niebuhr, João Antônio Schaefer (Nica) e Germano Hoffmann, e através de documentos históricos que a comunidade preservou.

A paixão pelo tiro os uniu. E foi ainda mais longe. A paixão pelo tiro e pela tradição do esporte os transformou em amigos. Os transformou em mais do que amigos: fez dele irmãos. Porque um intercâmbio que resiste ao tempo por mais de 40 anos, supera qualquer amizade. Estamos falando de uma relação de irmãos. Assim pode ser traduzida a relação entre os associados do Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque – Santa Catarina, e do Clube 15 de Novembro, de Campo Bom – Rio Grande do Sul, resgatada no livro Tradição de Amizade (2008), assinado por Henning Jönk, Saulo Adami e Tina Rosa.

A revolução do voto: 20 anos do voto eletrônico no Brasil (2010), de Saulo Adami e Celso Deucher, reabre antigas discussões sobre este tema, antecipando as futuras tecnologias que serão incorporadas ao sistema eletrônico de votação. Proposta em 2006, esta obra supre uma lacuna: a história da criação do sistema de votação eletrônica no Brasil, que teve origem no município de Brusque.



[1] Este livro não foi publicado pela editora de Saulo Adami, mas pela família de Moacyr Paranhos, em Joinville, Santa Catarina.